No Evangelho deste domingo, Jesus revela aos apóstolos a humilhação da cruz que o espera: sua entrega total por amor aos homens, enquanto seus discípulos pelo caminho só pensam em grandeza e alimentam desejos de poder.
Jesus não fica indignado com eles; ao contrário, os corrige com paciência, mansidão e simplicidade: "Sabeis o que pedis?" E lhes ensinou o caminho da grandeza: "O Filho do homem veio para servir e não para ser servido. Quem quiser ser grande, quem quiser ser o primeiro, seja o servo de todos." Mas por que pode ser tão perigoso este desejo inato que acompanha o ser humano ao longo de sua história? Em primeiro lugar, é inegável que daí brotam as invejas, rivalidades e os golpes baixos. A fim de alcançar os objetivos cede-se à adulação dos poderosos, apóia-se quem está por cima e, quando se chega ao topo, corre-se o perigo de espezinhar o próximo, de ser injusto, de se achar acima dos outros. Mas então, seria errado querer ser melhor? Seria, então, o Cristianismo uma apologia à mediocridade? Claro que não! O desejo de ser melhor sempre foi o combustível da perfeição e possibilitou, na história da humanidade, saltos qualitativos na ciência, na medicina, na economia, nas artes, nos esportes e em todas as áreas. Ele está presente mesmo na vida espiritual: os santos, buscaram ser melhores. O Senhor não condena querer ser melhor. De fato, ele indica a quem quiser ser o maior dentre todos, o caminho para sê-lo: ser o servo de todos, fugir do orgulho, da prepotência, de se achar acima de tudo e de todos, até da própria Lei.
Em 1997, celebrou-se a Jornada Mundial da Juventude em Paris, na França. Naquela edição começaram a ser celebradas as chamadas Pré-Jornadas, ou seja, uma semana preparatória numa cidade do país em que ocorre a Jornada, em que os jovens participam de uma experiência missionária. Marcante foi a missa de abertura presidida pelo então Arcebispo, Cardeal Lustiger, de origem judaica. Ele lembrava que todos os jovens são ambiciosos. Querem transformar o mundo, tornarem-se importantes e famosos, querem ser os primeiros. Por isso, dizia-lhes: Eu vos convido a serem muito ambiciosos. E apontando para a imagem de Santa Teresinha, patrona daquela Jornada, o Cardeal lhes dizia: " Como Santa Teresinha, que queria ser como uma criança nos braços do Pai, tende em vossos corações a maior de todas as ambições, a ambição do Amor."
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