domingo, 15 de julho de 2012

Jornada e Caridade

Um dos mais belos cantos da história da Igreja pode nos servir de inspiração para o Evangelho de hoje. Ele é prescrito pela liturgia para ser executado durante a apresentação das oferendas na Quinta-Feira Santa, e isso há muitos séculos. Ubi caritas: Onde o amor e a caridade, Deus aí está. O texto belíssimo, fala da unidade e do amor mútuo que devem reinar na comunidade cristã. O testemunho deste amor é a maior prova da veracidade daquilo que cremos, e a presença de Deus em nossa vida. A fé nasce do testemunho. Para acreditar na fé de Francisco de Assis, bastava olhar para ele. O mesmo se diga de Madre Teresa de Calcutá, de Irmã Dulce dos Pobres, de Frei Damião de Bozzano, apóstolo por mais de 66 anos no Nordeste brasileiro, ou de Charles de Foucauld, frívolo parisiense convertido e tornado eremita, assassinado no deserto, convertido através das palavras de Padre Huvekin, simples sacerdote de Paris que costumava dizer que a eloquência nasce da santidade. Para os cristãos, sempre se impôs um desafio: como falar que Deus é amor quando se vive desunido, como pregar o Evangelho se há rixas, invejas, dissensões? Como acreditar numa palavra cuja vida contradiz? Como os apóstolos, todos nós cristãos, somos chamados a anunciar através da vida em comunidade, dois a dois, esta verdade que liberta e dá sentido à vida humana. No entanto, se faz necessário desvencilhar-se do pó do orgulho e de toda sorte de mau exemplo, há que converter-se diariamente. É esta a contradição entre Amazias, capelão do rei, que anuncia uma palavra comprometida com a vontade do soberano, dizendo o que lhe agrada, um homem que se vendeu, e Amós, cuja fé se manifesta na liberdade de anunciar a Palavra de Deus.

O Santo Padre Paulo VI, dizia que, mais do que mestres, os homens de hoje precisam de santos. Foi exatamente isso que atraiu e atrai milhões de jovens às Jornadas Mundiais da Juventude. Na Polônia, em meio a uma língua desconhecida para a grande maioria dos participantes, era comovente ver a alegria e o entusiasmo daqueles jovens, muitos vindos pela primeira vez, com a abertura dos países do Leste Europeu. Não havia mais fronteiras para aqueles jovens, para quem a cortina de ferro nunca seria mais forte que a corrente do amor e da santidade. Mais tarde, no ocaso de sua vida, João Paulo II transmitirá sua derradeira mensagem da janela do palácio apostólico. Naquele domingo, sem dizer uma palavra, pôde-se ver nele o rosto da fé.

Nenhum comentário:

Postar um comentário