domingo, 8 de julho de 2012

Jornada e Conversão

O caminho escolhido por Deus em seu filho Jesus Cristo é certamente desconcertante aos olhos do mundo. Nasce na pobreza de Belém, vive na mais desolada região do mundo, como Tácito, o grande historiador do Império Romano, chamava a Galileia, escolhe homens simples como discípulos, e é condenado à morte e executado entre malfeitores. É bem verdade que sua fama chega à sua cidade natal, Nazaré, justamente pelos milagres e prodígios que realiza na vizinha Carfanaum. De fato, eles se perguntam: De onde vem esse poder? Por isso, entre um misto de expectativa e desdenho, quase que exigem que Ele realize na terra natal os milagres que fizera na, quem sabe rival, cidade vizinha. No entanto, uma coisa é falar de Deus; outra é experimentar um verdadeiro encontro pessoal com Ele. Uma coisa é falar de fé, outra bem diferente é crer. É fácil dizer-se cristão, outra é sê-lo de fato. A reação seria a pior possível. Eles simplesmente não conseguem tolerar e aceitar que um deles, um simples carpinteiro da cidade, seja revestido da presença de Deus. Por isso, rejeitaram Jesus. Tinham o coração fechado. E, cegos de inveja, não experimentaram em Jesus o Deus que, mais do que no poder, se revela na humildade e no amor. Diante da repulsa, Jesus não reage com a força ou o castigo. Ameaçado pelos conterrâneos, que procuram matá-lo, Ele segue seu caminho. É o mistério da liberdade. Deus não arromba a porta, mas bate e espera que a abram.

Durante a celebração da Vigília da Jornada Mundial da Juventude em 1997, no Hipódromo de Longchamps, em Paris, um grupo de jovens recebia das mãos do Santo Padre os sacramentos da iniciação cristã: o Batismo, a Confirmação e a Eucaristia. No semblante daqueles Jovens, podia-se descobrir a beleza da fé, adesão livre ao Deus que se revela na simplicidade de um coração que se lhe deixa abrir como sua morada. C onta-se que, visitando a Universidade de Paris, em meio a uma multidão de jovens, um rapaz grita ao Papa: "Santo Padre, reze por mim, eu perdi a fé!" João Paulo II se volta e, diante daquele moço, simplesmente traça-lhe na fronte o sinal da Cruz. Os presentes nunca mais esqueceriam aquela cena. Caindo de joelhos, o jovem redescobre a fé, no gesto simples e humilde da Cruz do Senhor.

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