A liturgia deste domingo interrompe o Evangelho de São Marcos e nos introduz no capítulo sexto de São João, o longo discurso do pão da vida, proferido na sinagoga de Carfanaum, que se inicia com o milagre da multiplicação dos pães...
No texto original, em grego, São João usa uma expressão presente repetidas vezes em seu Evangelho para indicar os milagres de Jesus: "semeion", o que significa sinal. O milagre de fato, ao contrário de nosssa mentalidade, não é uma exibição espalhafatosa do poder de Deus, com o objetivo de nos impressionar, pobres mortais; nem uma "carteirada" que Jesus utilizava para mostrar quem era. O milagre é um sinal de Deus que tem como objetivo maior suscitar a fé no coração do homem. Ao longo do Quarto Evangelho, o Apóstolo vai narrando sucessivos sinais que se iniciam com as Bodas de Caná e que culminam com a ressurreição de Lázaro. São João, que não narra a última Ceia, reserva todo este capítulo que vamos ouvir ao longo de cinco domingos, ao tema da Eucarístia. Em primeiro lugar, Jesus sacia a fome física, mostrando-nos que é dever do cristão colaborar com seu trabalho, para uma sociedade justa onde haja condições de vida digna para todos. Ao mesmo tempo, este milagre remete para uma outra fome, fome interior numa sociedade consumista que coloca como raiz da felicidade a busca frenética de bens, elevando o supérfluo à suprema necessidade, priorizando as aparências, o culto ao corpo perfeito, em detrimento dos valores humanos espirituais. A partir da fome material, Jesus indica a fome interior, cujo grande sinal é a Eucaristia.
A Eucarístia é o centro das Jornadas Mundiais da Juventude, onde milhões de jovens se reúnem vindo de todas as partes do mundo para partilhar o Pão do Céu. É evidente que não falta tudo aquilo que faz parte do universo de uma juventude sadia: o encontro entre amigos, a festa, cantos, danças, troca de vivências, amizades que se formam, a experiência da cultura de cada povo, tudo isso permeado pela celebração da fé. Na imagem desses jovens mochileiros, vemos o que dizia Pascal: "O Homem é o peregrino do Absoluto." E ao centro desses encontros, está sempre a Eucarístia: desde o início, com a missa de abertura; com a celebração diária unida à Catequese, a missa de chegada do Santo Padre e a grande celebração conclusiva.
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